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Saturday, November 11, 2006
Chá a dois

Os sonhos de uma noite anunciada difundem-se no vapor do chá arfante, tranquilo sobre o chão.
A lareira inflama, que as noites acendem em mim o vislumbre gélido da solidão.
Desligo o telefone.O gato é já o fiel guardião do seu imperturbável caminhar.
Nem riso...nem choro, apenas um momento de quietude.
O estalar da madeira indiferente à cadência dos ponteiros do relógio ilumina o meu olhar perdido nas chamas e distrai-me de memórias inconvenientemente prementes.
O corpo ainda húmido inspira um estado sensual.
A luz ténue da fogueira desenha sombras nas coxas despidas recriando fragmentos de um ímpeto das tuas mãos. Na vertigem do peito exposto imprime-se a chama como que sobras chinesas recriando paixões arrebatadoras, gestos sublimes e melodiosos orquestrados pelo batimento cardíaco em excitação.
De repente tornas-te mais presente e eu já estou em ti, contigo...despojada de mim...
Um mergulho final no sonho. Deito o corpo cansado de te rever, recriar e te antever...e sou toda Noite, Luar e Inverno.
O fogo desvanece e me adormece.
Bates-me à porta.


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